Nova York tem um ritmo próprio, um pulso acelerado que não espera ninguém. Quando cheguei, há pouco mais de um ano, tentei acompanhar esse ritmo, me encaixar na promessa de uma nova vida. Tinha um plano bem traçado, um visto de trabalho, um caminho profissional sólido. Mas, logo nas primeiras semanas, percebi que algo dentro de mim não acompanhava essa narrativa.
Passei meses tentando me convencer de que era apenas uma questão de tempo. De que era natural sentir essa resistência inicial, e que, com paciência, tudo se encaixaria. Mas, ao invés de encontrar conforto, fui me afundando em um ciclo de cobrança e frustração. Não era só a cidade. Era eu. Era algo dentro de mim que precisava ser ouvido.
Quando voltei ao Brasil, meses depois, tive certeza de que ali estava minha resposta. Estava no cheiro do café coado, no idioma que fluía sem esforço, na simplicidade de existir sem precisar me adaptar. A sensação de pertencimento veio como um alívio. Era ali que eu queria estar.
Decidi me organizar para voltar de vez. Foram meses de preparação, de pesquisas, de negociações, de me despedir internamente antes mesmo de partir. Mas a vida tem seus próprios ritmos, e um detalhe fora do meu controle me fez adiar os planos. Não houve escolha, apenas a aceitação de que eu teria que ficar mais um pouco.
No começo, foi frustrante. Mas, aos poucos, percebi que a mudança que eu buscava não estava na cidade, e sim em mim. O último ano foi desafiador, mas trouxe um nível de autoconhecimento que eu não poderia ter adquirido de outra forma. Foram dias difíceis, de questionamentos profundos, de revisitar antigas dores, de encarar de frente minha relação comigo mesmo. Mas foi isso que, no fim, me trouxe algo que eu não esperava: paz de espírito.
A urgência de ir embora deu lugar a algo mais tranquilo. Ainda quero voltar para o Brasil, mas sem pressa, sem ansiedade. Aprendi que não preciso correr contra o tempo. Há um tempo certo para tudo, e, enquanto espero o meu, posso me permitir viver o que há de bom aqui.
De alguma forma, Nova York também se tornou parte da minha história. E agora, pela primeira vez, consigo enxergar isso sem ressentimento, sem resistência. Apenas como um capítulo necessário, que me trouxe até aqui e que, quando chegar a hora, ficará para trás com gratidão.
=)